Smart Cities além da tecnologia: planejamento, gerenciamento e financiamento para cidades mais inteligentes
Para construir cidades mais inteligentes é preciso mais que investir em tecnologia. É essencial inovar no planejamento, gerenciamento e financiamento de iniciativas de inovação urbana.
A ideia da Smart City foi apresentada pela iniciativa privada, principalmente empresas multinacionais de tecnologia da informação (TI). Para testar soluções tecnológicas no meio urbano e gerar receitas e vantagens competitivas para as prefeituras, foram iniciadas parcerias público-privadas (PPPs) em diferentes escalas. Tipicamente as PPPs seguem o modelo de planejamento “top down”, com pouca participação da população local. Esses testes foram realizados no início da década de 2000, em países da Ásia e do Oriente Médio. A cidade de Masdar, no deserto da Arábia Saudita, autodenominada “a cidade mais sustentável do mundo”, e New Songdo, cidade satélite de Seoul, na Coreia do Sul, considerada “uma cidade completamente conectada”, são exemplos desse movimento de empresas de TI e construtoras multinacionais Entre 2011 e 2013, a Smart Cities Challenge, da empresa IBM trouxe serviços e produtos tecnológicos, como o Centro de Operações Inteligente. Mais de três mil cidades foram beneficiadas - dentre elas, e cidade do Rio de Janeiro, que ganhou o Centro de Operações Urbanas de ponta.1
O foco comercial e o modo de planejamento top-down geraram críticas da comunidade acadêmica e intelectual global. Estudos recentes sobre os fatores de sucesso da cidade inteligente2 apresentam outro caminho: a combinação de planejamento "top-down" com outro tipo de planejamento: o "bottom-up". A abordagem "bottom-up" se baseia na participação e na colaboração, enfatizando a importância do cidadão inteligente, e na adoção de melhorias a partir de pequenas iniciativas locais, como start-ups que se desenvolvem de forma decentralizada e começam sem grandes investimentos.
A criação de um ambiente colaborativo entre empresas multinacionais, empresas start-up e os demais stakeholders urbanos está nas mãos dos governantes públicos locais. Para que isso aconteça, é indispensável que haja uma releitura de ferramentas clássicas de planejamento e gestão urbana, como demostrado pelos prefeitos de cidades inteligentes como Amsterdã, Helsinque, Manchester, Viena, Barcelona, Copenhague, Boston, São Francisco, Zaragoza, Nova York, Melbourne e Tóquio. Estas cidades completamente diferentes em termos de perfil socioeconômico e espaço físico-geográfico possuem um ponto em comum: a presença de líderes municipais fortes e inovadores, que compreenderam que a aquisição e o desenvolvimento de soluções tecnológicas não bastam para construir cidades inteligentes de forma sustentável. Isso porque a introdução de inovação tecnológica no meio urbano traz, como qualquer processo de inovação, tanto oportunidades quanto riscos. Para mitigar esses riscos e assegurar o uso efetivo das ferramentas tecnológicas são necessárias estratégias gerenciais e organizacionais planejadas a curto, médio e longo prazo, bem como políticas e mecanismos legais que ajudam a criar um ambiente favorável e estimulante para a inovação tecnológica.
Esse tema e suas implicações práticas serão abordados por experts do mundo inteiro na UrbanTec Brasil 2015—Soluções inteligentes para cidades melhores, uma conferência internacional sobre Smart Cities. O planejamento, gerenciamento e financiamento de cidades inteligentes serão os fio condutor das oito palestras.
Referências
1. http://www.rio.rj.gov.br/web/guest/exibeconteudo?article-id=1410657
2. Por exemplo, Mapping Smart Cities in the EU, 2014
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